Cesta básica no Brasil ultrapassa R$ 400 e aperta bolso de milhões
O custo da cesta básica para uma pessoa no Brasil atingiu um patamar que tem preocupado especialistas e famílias: mais de R$ 400 por mês. Mas o que está por trás desse aumento expressivo? E como essa alta impacta a vida de milhões de brasileiros, especialmente aqueles que já enfrentam dificuldades financeiras?
Apesar de parecer apenas um número, o valor da cesta básica reflete uma série de desafios econômicos e sociais que atingem diretamente o cotidiano da população.
Mas, para além da simples contabilização do preço, é essencial entender o contexto que torna essa alta ainda mais dramática: a renda média dos brasileiros não acompanha o ritmo da inflação alimentar.
Isso significa que, embora o custo dos alimentos essenciais aumente, o poder de compra das famílias permanece estagnado ou até diminui. A situação torna-se ainda mais grave quando observamos que mais de 70% da população não tem renda suficiente para arcar com uma alimentação adequada.
Mas o que explica essa pressão inflacionária que afeta diretamente o prato do brasileiro? E quais são as medidas possíveis para conter esse avanço dos preços que se tornam praticamente incontroláveis para grande parte da população?
A seguir, vamos explorar esses pontos e mostrar a realidade por trás dos números.

Alta da inflação pressiona cesta básica e amplia desigualdades
O impacto da inflação nos alimentos essenciais não é algo novo, mas sua intensidade recente assusta. Enquanto os produtos industrializados apresentam variações menores, os alimentos in natura — que compõem grande parte da cesta básica — têm registrado aumentos expressivos, principalmente em itens como batata, tomate e café moído.
Mas essa pressão inflacionária não é sentida igualmente por todos. Segundo levantamentos do Instituto Pacto Contra a Fome, as famílias de baixa renda sofrem até 2,5 vezes mais do que aquelas com maior poder aquisitivo.
Isso porque a parcela da renda dedicada à alimentação é muito maior para os mais vulneráveis, e qualquer aumento no preço dos alimentos básicos compromete a saúde financeira da casa.
Ainda que alguns produtos, como arroz e feijão preto, tenham registrado queda nos preços, o alívio é temporário e insuficiente para compensar as altas em outros alimentos.
Além disso, fatores sazonais e climáticos, que influenciam diretamente na produção, agravam a instabilidade dos preços.
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Salário mínimo comprometido: cesta básica consome mais da metade da renda
Para quem vive do salário mínimo, a situação é ainda mais delicada. Em cidades como Campo Grande, o custo da cesta básica em abril de 2025 chegou a mais de 64% do salário mínimo líquido, depois de descontos previdenciários.
Ou seja, mais da metade do salário é destinado apenas para garantir uma alimentação básica.
Mas essa realidade não é isolada. Grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro também enfrentam números similares, com a cesta básica consumindo mais de 50% da renda mínima dos trabalhadores. Embora as regiões Norte e Nordeste apresentem valores médios um pouco menores, o impacto da inflação não deixa de preocupar.
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Esse cenário é agravado pela desvalorização do real frente ao dólar, que eleva o custo dos insumos importados e aumenta os preços finais dos alimentos.
Ao mesmo tempo, os salários não acompanham essa escalada, reduzindo o poder de compra e ampliando o risco de insegurança alimentar para muitos brasileiros.
Medidas emergenciais para conter a inflação e garantir alimento
Diante desse quadro preocupante, o governo precisa atuar com urgência para conter a inflação e proteger o direito à alimentação. Políticas fiscais e monetárias, como o aumento da taxa Selic, podem frear o crescimento dos preços, mas têm efeitos colaterais sobre a economia e o consumo.
Mas além desses instrumentos, outras ações se mostram fundamentais: fortalecer os estoques reguladores para equilibrar a oferta de alimentos, controlar preços de itens essenciais e estimular a produção nacional, reduzindo a dependência de importações que encarecem os custos.
Sem essas medidas, a realidade é que a cesta básica continuará inacessível para grande parte da população, perpetuando desigualdades e prejudicando o desenvolvimento social do país.
Afinal, a alimentação adequada não é apenas uma questão econômica, mas um direito constitucional que precisa ser garantido a todos.
Essa alta na cesta básica representa um alerta claro para a sociedade e para os governantes: o preço dos alimentos essenciais está longe de ser apenas uma variável econômica, e sim um fator decisivo na qualidade de vida dos brasileiros.
Com mais de 21 milhões vivendo com menos do que custa uma alimentação básica, a urgência por soluções concretas nunca foi tão grande.
Mas, afinal, como será o futuro da alimentação no Brasil diante desses desafios? A resposta dependerá da capacidade coletiva de enfrentar essa crise e garantir que o alimento no prato não seja um luxo, mas uma garantia para todos.