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Nova regra surpreende: diabetes tipo 2 agora será rastreado a partir dos 35 anos

Atenção: uma mudança silenciosa, mas profunda, acaba de ser anunciada — e pode impactar diretamente milhões de brasileiros.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) acaba de atualizar suas diretrizes e reduziu em 10 anos a idade recomendada para rastreamento do diabetes tipo 2. Mas o que isso realmente significa?

Por muitos anos, apenas quem tinha 45 anos ou mais — ou apresentava fatores de risco — era orientado a realizar exames periódicos.

Mas, com o crescimento explosivo da doença entre jovens e adultos em idade produtiva, a recomendação mudou. Agora, todos os adultos a partir de 35 anos devem ser rastreados, mesmo que estejam aparentemente saudáveis.

Mas essa não foi a única mudança. Crianças, adolescentes e até protocolos tradicionais de exames também foram incluídos na reformulação, revelando uma preocupação crescente com a escalada silenciosa do diabetes tipo 2 no Brasil e no mundo.

Diabetes tipo 2 é grave e pode prejudicar a longevidade e a qualidade de vida do paciente; o diagnóstico preciso pode ser conseguido antes da hora.
Diabetes tipo 2 é grave e pode prejudicar a longevidade e a qualidade de vida do paciente; o diagnóstico preciso pode ser conseguido antes da hora.

Por que o rastreamento agora começa mais cedo?

A decisão de antecipar a triagem para os 35 anos não foi tomada por acaso. Estudos recentes apontam que os sintomas do diabetes tipo 2 demoram a aparecer, mas suas complicações começam muito antes de qualquer sinal clínico evidente.

Problemas cardiovasculares, inflamações crônicas e lesões renais podem se desenvolver com níveis de glicose discretamente elevados, sem qualquer alerta imediato para o paciente.

Além disso, há uma mudança clara no perfil dos novos diagnósticos. O diabetes, que antes era associado ao envelhecimento, agora atinge cada vez mais jovens adultos, muitas vezes ainda sem histórico familiar ou com hábitos aparentemente saudáveis.

A alimentação ultraprocessada, o sedentarismo e o estresse crônico são algumas das causas apontadas.

Com isso, o rastreamento precoce não é apenas uma medida de precaução. É uma estratégia de sobrevivência, que pode evitar complicações graves como infarto, AVC, cegueira, amputações e insuficiência renal.

Veja mais: Saúde do futuro: Exame detecta doenças raras antes dos sintomas

Novos exames, novas regras: o que muda na prática?

A atualização das diretrizes da SBD também inclui mudanças nos exames e protocolos utilizados no diagnóstico.

O tradicional Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO), por exemplo, passou a ter uma nova versão: em vez das tradicionais duas horas de espera, a coleta de sangue agora será feita apenas uma hora após a ingestão da glicose.

Essa pequena mudança tem grande impacto: ela permite detectar casos de pré-diabetes com até 40% mais eficácia, segundo estudos recentes.

E, ao simplificar o processo, torna o teste mais acessível e menos custoso, principalmente em unidades de saúde com poucos recursos.

Os exames de glicemia em jejum e hemoglobina glicada (A1c) continuam sendo recomendados como padrão para triagem.

Se um deles indicar alteração, é preciso repetir ou complementar com o novo TTGO. Se ambos apresentarem valores elevados — glicemia acima de 126 mg/dl e A1c superior a 6,5% —, o diagnóstico é confirmado.

Mas o que realmente muda é a frequência e o alcance dos exames. Agora, eles devem fazer parte da rotina de quem tem 35 anos ou mais, independentemente de sintomas ou histórico. E isso representa uma virada de chave na forma como a saúde preventiva é tratada no país.

Crianças e adolescentes também entram no radar

Outra grande novidade é a inclusão de crianças e adolescentes no grupo de risco. Antes, o foco era quase exclusivo nos adultos. Mas os números não deixam mais margem para dúvidas: a obesidade infantil está diretamente ligada ao crescimento precoce do diabetes tipo 2.

De acordo com a nova diretriz, o rastreamento deve começar a partir dos 10 anos de idade — ou até antes, se a puberdade começar mais cedo —, sempre que houver sobrepeso associado a fatores como histórico familiar, sedentarismo, hipertensão ou resistência à insulina.

Essa medida, embora polêmica, é vista por especialistas como urgente e necessária. Afinal, o diabetes tipo 2 não é mais uma doença “de adultos”. Ele está, cada vez mais, se tornando um problema intergeracional.

O diabetes tipo 2 não grita, não avisa — mas ataca silenciosamente. E, quando os primeiros sinais surgem, muitas vezes já é tarde demais. Por isso, as novas recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes são mais do que um alerta. São um pedido de ação.

Com o início da triagem aos 35 anos, mudanças nos protocolos e inclusão de crianças no radar preventivo, o Brasil dá um passo importante rumo a um sistema de saúde mais proativo e menos reativo.

Mas essa virada só será completa se a informação chegar a quem precisa — e se os profissionais de saúde estiverem preparados para agir com rapidez e clareza.

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