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14 toneladas de queijo fora dos mercados: operação revela esquema chocante

O que parecia apenas mais uma ação rotineira de fiscalização se transformou em um escândalo que abalou o setor de queijo brasileiro.

Na última quarta-feira, 7 de maio, a Secretaria da Fazenda do estado (Sefaz) coordenou uma operação que resultou na apreensão de mais de 14 toneladas de queijo clandestino, levando à interdição de nove estabelecimentos e escancarando uma rede de comércio ilegal que mistura alimentos contaminados, sonegação fiscal e até uso de concessionárias como fachada.

Mas o mais assustador não foi a quantidade de queijo apreendido.

O que realmente chocou autoridades e consumidores foi o fato de que esses produtos estavam nas gôndolas de mercados populares, prontos para serem consumidos por milhares de pessoas — sem qualquer controle de qualidade, origem ou refrigeração adequada.

A descoberta levanta um alerta grave: quantos outros produtos inseguros podem estar circulando silenciosamente no dia a dia dos brasileiros? E o que as autoridades vão fazer para impedir que essa prática se repita?

Você é fã de queijo? Então é melhor tomar cuidado com o que compra e onde compra; entenda.
Você é fã de queijo? Então é melhor tomar cuidado com o que compra e onde compra; entenda – Foto: reprodução/ pixabay.

Queijo no chão, rótulo falso e uma concessionária no meio

A operação, articulada pela Sefaz com apoio da ADAGRO, Vigilância Sanitária e Polícia Militar, teve como foco principal os municípios do Recife e São Bento do Una, no Agreste pernambucano. Mas o que os fiscais encontraram superou as expectativas mais sombrias.

Entre os locais vistoriados, uma concessionária de veículos funcionava como ponto clandestino de distribuição de queijos, segundo informações confirmadas pela Sefaz.

No Ceasa, centro logístico da capital, o cenário não era menos preocupante: queijos empilhados diretamente no chão, sem refrigeração e com rótulos falsificados de marcas tradicionais.

Esses produtos, supostamente de origem confiável, carregavam selos forjados do SIF (Serviço de Inspeção Federal) e do SIE (Serviço de Inspeção Estadual) — uma tentativa descarada de enganar o consumidor e burlar o controle sanitário nacional.

O resultado: 7,9 toneladas de muçarela, 2 toneladas de queijo prato e 1 tonelada de queijo coalho, todos considerados impróprios para o consumo humano.

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Saúde pública em risco e produtores legais prejudicados

Mas o problema não se limita ao crime em si. Há implicações graves para a saúde pública. Os queijos estavam contaminados ou em condições que favoreciam a proliferação de bactérias, como Salmonella e Listeria, agentes que podem causar infecções graves, sobretudo em crianças, idosos e pessoas com imunidade comprometida.

Além disso, ao serem vendidos por preços muito abaixo do mercado, esses produtos criam uma concorrência desleal com os pequenos e médios produtores regulares, que seguem todas as exigências legais, sanitárias e tributárias.

É um ataque duplo: ao bolso do produtor honesto e à saúde do consumidor final.

A diretora da ADAGRO, Maria José Campos, ressaltou que a rastreabilidade é essencial para proteger o consumidor e afirmou que “ações como essa precisam ser contínuas, pois o mercado ilegal tenta se reorganizar rapidamente após cada fiscalização.”

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Investigação revela esquema mais amplo e penas podem ser severas

A operação começou com uma denúncia de sonegação tributária, mas logo evoluiu para um caso com implicações penais complexas, envolvendo falsificação de documentos, crimes contra a saúde pública, associação criminosa e estelionato contra o consumidor.

A Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deccot) já recebeu o relatório circunstanciado da Sefaz, que será base para indiciamentos, aplicação de multas e abertura de ações penais.

Embora os nomes dos responsáveis não tenham sido divulgados até o momento, autoridades afirmam que os envolvidos podem responder por múltiplos crimes, com penas que podem ultrapassar 10 anos de reclusão, além de multas altíssimas.

Segundo o secretário da Fazenda, Marcelo Barros, essa foi apenas a primeira fase da operação, e novas ações já estão sendo planejadas para os próximos meses. “O combate ao comércio clandestino de alimentos será implacável”, afirmou.

E agora, consumidor?

A principal orientação das autoridades sanitárias é clara: desconfie de preços muito baixos e sempre verifique o rótulo dos produtos alimentícios. Comprar alimentos em mercados informais pode até parecer vantajoso no momento, mas os riscos ocultos à saúde e à segurança são imensuráveis.

Se você adquiriu queijo recentemente em pontos de venda como o Ceasa do Recife, é recomendável verificar o selo do SIF ou do SIE, a integridade da embalagem e a procedência do produto. Caso tenha dúvidas ou sintomas após o consumo, procure atendimento médico e denuncie o fornecedor.

Enquanto isso, o recado das autoridades é direto: quem lucra às custas da saúde da população vai responder com o peso da lei. E, se depender dos órgãos envolvidos na operação, o tempo da impunidade também está vencendo o prazo de validade.

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