Padre com milhões de seguidores surpreende ao depor na CPI das Bets
Nos últimos meses, a CPI das Bets, que investiga os impactos das apostas online no Brasil, ganhou um novo protagonista, mas não era nenhum político nem empresário do setor: foi o padre Patrick Fernandes, uma figura que acumula milhões de seguidores nas redes sociais e tem um papel importante na conscientização da sociedade.
Mas o que levou esse líder religioso a aceitar um convite para depor em uma comissão tão polêmica? E quais foram as declarações que chamaram a atenção não só dos senadores, mas também de milhões de brasileiros?
A presença do padre na CPI trouxe à tona um debate que vai muito além do jogo — trata-se de saúde pública, ética e responsabilidade social.
Mas antes de detalharmos a sua participação, é fundamental entender o que motivou a criação dessa CPI, quem são os principais envolvidos e por que o vício em apostas online virou um problema urgente para o país.

Padre Patrick Fernandes e sua fala contundente na CPI das Bets
O padre Patrick não chegou à CPI por acaso. Ele próprio publicou um vídeo solicitando espaço para falar sobre os perigos das apostas online. Durante seu depoimento, classificou o vício em jogos como um grave problema de saúde pública, reforçando que a ludopatia é um transtorno mental reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mas o que mais chamou atenção foi sua denúncia sobre a influência negativa que certos influenciadores digitais exercem ao promover essas plataformas para um público jovem, vulnerável e suscetível à publicidade.
Além disso, o padre revelou ter sido procurado para realizar campanhas publicitárias para casas de apostas, mas recusou qualquer envolvimento, destacando sua preocupação ética.
Ele alertou que as consequências do vício vão muito além do prejuízo financeiro, incluindo ansiedade, depressão e sintomas de abstinência, o que torna o problema muito mais complexo e preocupante.
Sua fala ressoou forte na comissão e na sociedade, ampliando o olhar sobre os impactos sociais das apostas.
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Influenciadores digitais na mira da CPI: o caso Virginia Fonseca e Felca
Mas a CPI não se limita a depoimentos de religiosos e especialistas. Ela também tem como foco a participação de influenciadores digitais, que acabam sendo grandes promotores das apostas online — e, segundo a comissão, podem lucrar em cima das perdas dos apostadores.
Virginia Fonseca, uma das maiores influencers do país com mais de 53 milhões de seguidores, foi convocada e confirmou ter feito campanhas para plataformas de apostas. Porém, evitou revelar os valores recebidos e garantiu que sua principal renda vem de sua empresa, a WePink, que faturou R$ 750 milhões em 2024.
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Mas isso não impediu questionamentos públicos sobre o motivo de divulgar jogos de azar, especialmente diante de sua fortuna empresarial.
Por outro lado, o criador de conteúdo Felca, que soma 20 milhões de seguidores, ganhou destaque como o maior crítico digital das apostas no Brasil.
Felca relatou ter recusado uma proposta de R$ 50 milhões para promover uma casa de apostas, uma postura que chamou a atenção da senadora e relatora da CPI, Soraya Thronicke, que o convidou a participar da comissão.
Essas posições contrastantes mostram o dilema ético enfrentado pelos influenciadores na era digital.
Saúde pública e o futuro das apostas online no Brasil
Mas o debate vai muito além dos valores e campanhas publicitárias. A CPI das Bets tem colocado em evidência o impacto real do vício em apostas na saúde mental da população. Famílias têm relatado sofrimento intenso, com casos de endividamento, ansiedade e desestruturação social.
Com isso, cresce a pressão sobre os influenciadores para assumirem maior responsabilidade sobre o conteúdo que divulgam, especialmente para públicos jovens.
Mas ainda há muito a ser feito. A comissão segue em atividade, com previsão de encerrar os trabalhos em 14 de junho, embora a possibilidade de prorrogação seja remota.
O futuro das apostas online e a regulamentação do setor ainda estão em aberto, e o debate público tende a se intensificar, impulsionado por vozes como a do padre Patrick e a mobilização da sociedade civil.