Nada assusta mais um pai ou uma mãe do que ver o próprio filho engasgado. E, infelizmente, essa é uma cena mais comum do que se imagina. Engasgos e broncoaspiração estão entre as principais causas de emergência médica na infância, especialmente nos primeiros anos de vida.
Desde o leite materno até pequenos pedaços de alimentos ou brinquedos, tudo pode representar um risco para bebês e crianças pequenas. O problema é que esses episódios muitas vezes acontecem de forma rápida, silenciosa e assustadora — exigindo reação imediata dos adultos ao redor.
Por isso, saber identificar os sinais e agir corretamente pode ser a diferença entre um susto e uma tragédia. E, mais do que isso, estar emocionalmente preparado para manter a calma nesse tipo de situação pode salvar vidas.
Os sinais de alerta que você nunca deve ignorar
Os primeiros segundos de um engasgo são cruciais. Quando o bebê ou a criança está tossindo com força, é sinal de que ainda existe passagem de ar — e o corpo está tentando se defender sozinho. Nesse caso, o melhor é observar sem interferir, para não atrapalhar o reflexo natural da tosse.
No entanto, se a criança começa a se agitar, fica com os lábios roxos, não consegue emitir sons ou leva as mãos ao pescoço, o quadro muda. Isso indica obstrução parcial ou total das vias aéreas — e exige ação imediata.
A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que a maior parte dos casos de asfixia acidental ocorre entre 1 e 3 anos de idade, fase em que os pequenos exploram o mundo com as mãos e a boca. Nessa faixa etária, objetos como tampas de caneta, pedaços de alimentos duros e até balas representam perigos reais.
É fundamental que os pais saibam reconhecer esses sinais e não hesitem em agir. Muitas vezes, segundos fazem a diferença entre a vida e a morte.
Como aplicar a Manobra de Heimlich em bebês
A principal técnica para lidar com engasgos em bebês menores de um ano é a Manobra de Heimlich adaptada. Ela exige precisão, mas pode ser aplicada por qualquer pessoa que tenha o mínimo de preparo — e é justamente aí que entra a importância de cursos de primeiros socorros.
O primeiro passo é identificar o problema: se o bebê não chora, não respira e está ficando roxo, a via aérea pode estar bloqueada. Nessa situação, segure o bebê de bruços, com a cabeça mais baixa que o corpo, apoiando-o no seu antebraço. Mantenha o queixo com firmeza e o pescoço alinhado.
Com a base da palma da mão, dê até 5 tapas firmes entre as omoplatas. A cada tapa, verifique se o objeto foi expelido. Caso não funcione, vire o bebê de barriga para cima, mantendo a cabeça mais baixa, e aplique 5 compressões torácicas usando dois dedos, logo abaixo da linha dos mamilos.
Continue alternando entre tapas nas costas e compressões até que o bebê volte a respirar ou até a chegada do socorro médico. Se o bebê perder a consciência, inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar (RCP) e acione os serviços de emergência (192 ou 193).
Prevenção é o melhor caminho: proteja antes que aconteça
Embora saber agir seja fundamental, prevenir ainda é a melhor solução. Comece evitando oferecer alimentos perigosos para a idade da criança, como pipoca, uvas inteiras, castanhas e balas duras. Esses itens são campeões de acidentes.
Brinquedos também merecem atenção. Verifique sempre a faixa etária recomendada nas embalagens e evite produtos com peças pequenas ou soltas. Tudo o que pode caber dentro de um tubo de papel higiênico pode potencialmente causar asfixia em bebês.
Além disso, aprender primeiros socorros com profissionais capacitados deve ser prioridade para pais, avós e cuidadores. Ter esse conhecimento básico não só traz segurança emocional como aumenta as chances de um desfecho positivo em momentos críticos.
Manter a calma durante o engasgo é, sem dúvida, um desafio. Mas com o preparo certo e a informação correta, é possível transformar o desespero em ação — e salvar uma vida com as próprias mãos. Para mais informações, confira este vídeo oficial:
