O segredo por trás das roupas dos cirurgiões – não é só estética
Quem já precisou passar por uma cirurgia certamente notou que, dentro do centro cirúrgico, médicos e enfermeiros usam sempre roupas verdes ou azuis. Mas o que parece apenas uma escolha estética ou um padrão visual na área da saúde, na verdade, tem raízes muito mais profundas.
Essas cores não estão ali por acaso. O uso do verde e do azul envolve aspectos científicos, psicológicos e até históricos que influenciam diretamente no desempenho das equipes médicas e no bem-estar dos pacientes. Um simples detalhe visual, mas com impacto real na prática hospitalar.
A escolha desses tons nasceu de uma necessidade prática: aliviar os olhos dos profissionais durante procedimentos complexos e longos. E com o tempo, essa decisão se transformou em uma regra silenciosa da medicina moderna — que você vai entender agora.

A ciência das cores dentro das salas de cirurgia
No passado, médicos utilizavam roupas brancas — símbolo de limpeza, pureza e autoridade. No entanto, com o tempo, esse branco imaculado começou a se mostrar um problema dentro dos centros cirúrgicos, principalmente por causa da luz intensa e da exposição constante ao sangue.
Foi no início do século XX que um médico americano percebeu que o branco refletia demasiadamente a luz e dificultava a visão durante as cirurgias. Para resolver o problema, ele substituiu o branco por verde. A ideia deu tão certo que logo se espalhou por hospitais ao redor do mundo.
A ciência confirmou o acerto da decisão: o verde e o azul estão no lado oposto ao vermelho no círculo cromático. Durante uma cirurgia, o vermelho do sangue domina o campo visual, e essas cores opostas ajudam a equilibrar a percepção ocular e reduzir a fadiga visual.
Além disso, essas cores previnem ilusões ópticas, como manchas esverdeadas após longos períodos de exposição ao vermelho. Isso garante maior precisão nos procedimentos e menos cansaço para os profissionais da saúde.
Verde e azul: aliados contra o estresse visual
Ficar exposto por horas a tons intensos de vermelho pode ser exaustivo para os olhos. Cirurgiões e enfermeiros precisam de concentração máxima e uma visão clara dos detalhes — o que torna o conforto visual uma prioridade.
Segundo o psicólogo da visão John Werner, da Universidade da Califórnia, o uso do verde e azul em trajes médicos reduz o risco de ilusões visuais e contribui para uma percepção mais nítida durante a cirurgia. Isso se traduz em maior segurança para o paciente e melhor desempenho da equipe.
Além da função técnica, essas cores também influenciam no estado emocional. O verde e o azul são associados a sensações de calma, segurança e confiança — sensações valiosas em um ambiente de alta tensão como o hospitalar.
A escolha dos tons, portanto, não é só uma questão de estética. É uma estratégia silenciosa que ajuda a proteger a visão, manter o foco e até acalmar a mente em momentos de extrema exigência.
Praticidade, higiene e padrão internacional
Outro motivo que levou à adoção do verde e do azul nos centros cirúrgicos está na praticidade. Diferente do branco, essas cores camuflam melhor manchas de sangue e outros fluidos corporais, ajudando a manter a aparência dos uniformes mais limpa durante os procedimentos.
Tecidos nesses tons também se mostraram mais resistentes às lavagens intensas exigidas pelos padrões de esterilização hospitalar. Ou seja, são duráveis e mais econômicos para uso constante no dia a dia das equipes médicas.
Com o passar das décadas, especialmente entre os anos 1950 e 1960, a prática foi se consolidando até se tornar um padrão em hospitais do mundo todo. A padronização também facilitou a identificação das equipes nos ambientes cirúrgicos.
Assim, o verde e o azul deixaram de ser apenas cores de roupa e se tornaram parte essencial da rotina hospitalar. Um detalhe funcional que contribui diretamente para a saúde visual, emocional e operacional de quem trabalha para salvar vidas.