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Proibidas! Globo perde direito de exibir 16 novelas históricas

Atenção: milhões de brasileiros podem nunca mais rever algumas das novelas mais marcantes da história da TV. Mas o motivo por trás disso não envolve apenas contratos vencidos — a verdade é mais complexa, mais triste e, talvez, até irreversível.

Você se lembra daquela cena emblemática de “Meu Pedacinho de Chão” ou da trilha sonora inesquecível de “Bicho do Mato”? Pois é. Muitos momentos que marcaram gerações estão, literalmente, sumindo das prateleiras da maior emissora do país.

E o mais assustador é que isso não é um caso isolado, mas parte de uma perda silenciosa que vem se acumulando ao longo das décadas.

Mas, afinal, por que essas novelas não podem mais ser exibidas? E o que a Globo está fazendo para não perder de vez esse patrimônio da dramaturgia nacional? A resposta envolve uma mistura de descuido, tecnologia ultrapassada e estratégias inesperadas.

Amantes de novelas antigas da Globo devem ficar de olho às novidades que podem não ser tão boas assim; entenda o porquê.
Amantes de novelas antigas da Globo devem ficar de olho às novidades que podem não ser tão boas assim; entenda o porquê – Foto: reprodução/ Pixabay.

Tesouros apagados: quando o passado some das fitas

A notícia pode chocar, mas é real: pelo menos quatro novelas do horário das 18h foram completamente perdidas, sem chances de reapresentação. Estamos falando de obras como Meu Pedacinho de Chão (1971), Bicho do Mato (1972), A Patota (1972) e O Noviço (1975). Mas o problema não para por aí.

Mais de 11 outras novelas estão hoje arquivadas apenas em fragmentos, com poucos capítulos sobreviventes. Isso ocorreu porque, nos anos 1970, era comum a reutilização de fitas magnéticas, que eram caras e escassas.

Ou seja, para economizar, a emissora literalmente gravava por cima dos próprios arquivos — e, com isso, parte da nossa memória cultural desapareceu.

Mas o mais impressionante é que, mesmo com os avanços da digitalização e da nuvem, essas novelas não estão disponíveis nem para o Globoplay, o que torna o cenário ainda mais grave.

E se você pensou no Canal Viva como solução, infelizmente, ele também vai mudar: passará a se chamar Globoplay Novelas, focando apenas no acervo disponível e legalmente exibível.

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Fragmentos, remakes e uma nova estratégia para sobreviver com as novelas

Mas nem tudo está perdido. Ainda que muitas produções estejam incompletas, a Globo tem apostado em remakes de clássicos como forma de manter suas histórias vivas.

“Pantanal” e “Renascer” são exemplos claros de que, apesar da nostalgia, há espaço para reinvenção — e o público respondeu com audiência alta.

Além disso, a emissora intensificou projetos como o Cria Globo, uma iniciativa voltada à formação de novos roteiristas, especialmente para os horários das 18h e 19h.

O objetivo é claro: preparar uma nova geração de autores que possam recriar ou inspirar-se em histórias antigas, preservando a essência da teledramaturgia brasileira, mas com a linguagem contemporânea que o streaming exige.

Mas, mesmo com todo esse investimento, a dor da perda permanece. Afinal, não se trata apenas de entretenimento. Trata-se da memória de um país, da cultura que se formou na sala de estar de milhões de brasileiros ao longo das décadas.

O que ainda resta e por que vale ficar de olho nas novelas do Globoplay

Apesar de tudo, algumas produções sobreviveram. E, entre as mais aguardadas, estão clássicos como Escrava Isaura (1976) e A Sucessora (1978), que foram preservadas na íntegra e devem retornar em breve ao catálogo do Globoplay.

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Mas isso não é apenas uma boa notícia para os saudosistas. É também uma lição: a importância de preservar o que é nosso, de digitalizar e valorizar o conteúdo que, embora pareça antigo, é o que moldou o presente da TV brasileira.

Enquanto parte do acervo se apaga aos poucos, outra parte ressurge com força, mostrando que, embora o tempo apague algumas fitas, a memória afetiva do público jamais será completamente regravada.

Sim, a Globo foi proibida de exibir quase 20 novelas, mas a realidade é ainda mais profunda: essas novelas simplesmente não existem mais por completo. O motivo? Uma combinação de descaso técnico, falta de previsão e o alto custo da tecnologia nos anos 70.

Agora, com um projeto ambicioso de reestruturação e formação de novos autores, a emissora tenta, de alguma forma, reconstruir o que o tempo destruiu.

Mas será possível reviver o passado com a mesma emoção? Ou estamos destinados a apenas assistir aos “fragmentos” de uma era que, ironicamente, a própria TV deixou escapar pelas mãos?

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