Cidade do século 18 é encontrada na Amazônia e surpreende o mundo
Atenção: o que parecia apenas mais um pedaço isolado da Floresta Amazônica esconde, na verdade, uma cidade inteira esquecida pelo tempo. Mas não estamos falando de lendas ou ruínas incompletas — e sim de ruas, casas e estruturas militares preservadas sob a mata por mais de dois séculos.
O achado, realizado por pesquisadores do projeto Amazônia Revelada com apoio da National Geographic, do Museu da Amazônia e de institutos como o INPE e o MapBiomas, revela uma cidade colonial do século 18 em plena Rondônia, até então dada como perdida.
E o mais impressionante: foi tudo descoberto sem mover uma folha, graças a uma tecnologia de detecção a laser que está transformando a arqueologia moderna.
Mas o que essa cidade escondida revela sobre a história do Brasil? E por que sua redescoberta pode mudar para sempre o que sabemos sobre a ocupação da Amazônia?

Lamego: a cidade esquecida que ressurgiu do meio da Amazônia
Enterrada sob séculos de mata densa e silêncio, Lamego era uma cidade estratégica durante o período colonial.
Segundo registros históricos agora confirmados por tecnologia de ponta, ela abrigava cerca de 300 pessoas — entre colonizadores portugueses e pessoas escravizadas, tanto indígenas quanto africanas.
Sua localização, próxima à fronteira com a Bolívia, não era aleatória. Lamego funcionava como centro logístico de abastecimento da antiga capital da província de Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade, e do Real Forte do Príncipe da Beira, um dos maiores marcos da ocupação militar portuguesa na região.
Mas por mais estratégico que fosse, o tempo tratou de apagá-la dos mapas — até agora. Graças ao uso da tecnologia Lidar (Light Detection and Ranging), acoplada a aeronaves que sobrevoaram a floresta, os contornos urbanos voltaram à luz, revelando traçados de ruas, casas em pau a pique e até uma vila vizinha chamada Bragança, a apenas 8 km de distância.
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Um passado que vai além do colonialismo
Mas Lamego não é o único capítulo dessa redescoberta. Durante os sobrevoos, os pesquisadores também encontraram geoglifos indígenas — grandes desenhos no solo que indicam uma ocupação muito anterior à chegada dos portugueses.
Isso reforça uma tese cada vez mais sólida: a Amazônia foi lar de sociedades complexas, organizadas e urbanizadas muito antes da colonização europeia.
Além das estruturas urbanas, uma formação enigmática apelidada de Labirinto foi detectada: um conjunto de pedras possivelmente utilizado como guarda militar portuguesa, evidência de que a região tinha importância estratégica não apenas econômica, mas também bélica.
Mas, mesmo com tantos indícios de ocupação, a floresta permaneceu como guardiã desse segredo — até que tecnologia, pesquisa e conhecimento tradicional das comunidades locais finalmente se uniram para revelar o que estava sob as árvores.
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O risco de desaparecer novamente na Amazônia
Apesar da euforia com a descoberta, a equipe responsável pelo projeto faz um alerta preocupante: o território onde Lamego foi encontrado está ameaçado.
Em setembro de 2024, Rondônia bateu recordes de queimadas não vistos há 14 anos. E o mais alarmante: as chamas atingiram inclusive áreas de quilombos históricos, como o Forte do Príncipe da Beira.
Além disso, atividades ilegais como garimpo e desmatamento seguem avançando sobre a floresta, podendo comprometer sítios arqueológicos ainda não identificados.
E esse é um ponto crucial: o Lidar revelou apenas 3,1% da área total da Amazônia Legal — ou seja, o que foi descoberto até agora é apenas a ponta do iceberg.
Por isso, o projeto Amazônia Revelada não pretende apenas mapear. A ideia é propor medidas legais para reconhecer e proteger essas áreas como patrimônio histórico e cultural do Brasil, garantindo sua preservação para estudos, educação e memória.
O Brasil acaba de redescobrir uma cidade que o tempo tentou esconder. Mas, mais do que uma surpresa arqueológica, Lamego representa um lembrete poderoso de que a Amazônia não é só floresta — é também história, cultura e resistência.
Agora, a pergunta que fica é: vamos proteger esse legado ou deixá-lo desaparecer novamente, desta vez para sempre? A resposta pode definir não apenas o passado que conhecemos, mas também o futuro que estamos construindo.