Em tempos de juros instáveis, inflação sorrateira e aumento no custo de vida, o brasileiro tem buscado formas mais inteligentes de fazer seu dinheiro render. Mas enquanto muitos ainda deixam suas economias na poupança, dois gigantes do setor financeiro deram um passo ousado: estão oferecendo rendimentos de até 120% do CDI. A promessa parece boa demais para ser verdade — mas será mesmo?
O Nubank e o Mercado Pago decidiram transformar rentabilidade em argumento de sedução. Sim, os dois bancos digitais mais populares do Brasil agora disputam quem entrega mais retorno em aplicações de baixo risco.
Mas, claro, não sem contrapartidas. Para alcançar o tão alardeado 120% do CDI, o cliente precisa movimentar valores mínimos mensais ou aderir a programas de assinatura. Parece simples — mas é aí que mora o detalhe que poucos percebem.
Em um mercado saturado de ofertas e promessas de rentabilidade, entender as entrelinhas pode ser a chave entre ganhar mais ou cair em armadilhas silenciosas.

Nubank+ e a Caixinha Turbo: mais retorno, mais compromisso
O Nubank anunciou sua mais nova estratégia: a Caixinha Turbo, produto voltado para clientes que mantêm movimentações mensais mínimas de R$ 900.
Com ela, o usuário pode aplicar até R$ 5 mil e receber 115% do CDI, o que já supera a média da maioria dos CDBs tradicionais oferecidos por grandes bancos.
Mas o jogo muda mesmo para quem adere ao Nubank+, o plano de assinatura de R$ 29 mensais que garante o rendimento máximo de 120% do CDI, com teto de R$ 10 mil aplicados. Além disso, os clientes ganham:
- NuTag gratuita para pedágios;
- 0,5% de cashback no crédito;
- Streaming Max incluído;
- Isenção de mensalidade para quem investe R$ 30 mil ou gasta mais de R$ 3.500 no cartão.
Mas, é claro: tudo isso depende da permanência e engajamento. Quem sai do plano perde os rendimentos elevados — e volta à estaca zero.
Mercado Pago responde à altura com o Cofrinho e Meli+ no CDI
Se o Nubank agiu rápido, o Mercado Pago não ficou para trás. A fintech argentina apostou em sua base de usuários do e-commerce para lançar a ofensiva com o Cofrinho, produto de rendimento automático que oferece 115% do CDI para quem investir ao menos R$ 1 mil por mês.
Mas o diferencial real está no Meli+, programa de fidelidade do Mercado Livre que, por apenas R$ 9,90 por mês, destrava o rendimento máximo de 120% do CDI, também limitado a R$ 10 mil. Junto disso, o assinante ainda recebe:
- Frete grátis em compras a partir de R$ 29;
- Cashback de até 5% no site;
- Parcelamentos extras sem juros;
- 0,6% de cashback no cartão de crédito da fintech.
Tudo isso faz com que o investimento se torne não só mais lucrativo, mas também mais funcional no cotidiano de quem compra online com frequência. Mas, de novo: sem assinatura, sem bônus.
A nova corrida do ouro: fidelidade x liberdade
Com o amadurecimento do setor, bancos digitais estão deixando de ser apenas “os que não cobram tarifas” para se tornarem plataformas completas de relacionamento financeiro.
Mas, para garantir a rentabilidade prometida, é preciso manter-se engajado, movimentar o suficiente, aderir a planos e muitas vezes aceitar ofertas cruzadas de consumo.
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A verdade é que 120% do CDI é sim um rendimento excelente, principalmente se comparado à poupança, que oferece algo próximo a 70% do CDI. Mas, como toda vantagem no mercado financeiro, ela vem acompanhada de condições e limites. E é justamente aí que o cliente precisa agir com cautela.
Vale lembrar que o teto de aplicação é de R$ 10 mil em ambas as plataformas. Para quem pretende investir mais, será necessário diversificar — e considerar outras opções de renda fixa, como CDBs, Tesouro Direto ou fundos.
Vale a pena apostar nos bancos digitais?
Sim — desde que o cliente esteja atento ao contrato e ao comportamento exigido. Nubank e Mercado Pago oferecem retornos atrativos, mas estão, na verdade, trocando rentabilidade por tempo de uso, dados e fidelidade.
Para muitos brasileiros, essa equação faz sentido. O dinheiro que antes ficava parado agora rende acima da média do mercado, com liquidez diária e possibilidade de uso direto pelo app.
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Mas é preciso entender o jogo: o que parece uma oferta generosa é, na prática, uma estratégia de retenção inteligente. O que está em jogo não é só o seu dinheiro — é o seu comportamento como consumidor digital.