Você já pensou em pegar um empréstimo com juros mais baixos, pagamento facilitado e aprovação rápida, sem precisar ter nome limpo ou score alto? Parece bom demais para ser verdade, mas está acontecendo — e já movimentou quase R$ 10 bilhões no Brasil.
O programa Crédito do Trabalhador, lançado com o objetivo de levar o crédito consignado ao setor privado, está se consolidando como uma das maiores revoluções financeiras dos últimos anos.
Enquanto boa parte dos brasileiros enfrenta dificuldades para conseguir crédito em bancos tradicionais, 1,8 milhão de trabalhadores já aproveitaram essa nova oportunidade, e o volume de recursos liberados já bateu R$ 9,9 bilhões, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Mas, como sempre, há dois lados da moeda. Embora o programa ofereça alívio imediato e juros baixos, o risco de endividamento excessivo está cada vez mais evidente — e os especialistas já acendem o sinal de alerta.

Crédito do Trabalhador: a solução para quem não tinha saída
O crédito consignado já é conhecido de servidores públicos, aposentados e pensionistas. Mas foi só em 2023 que os trabalhadores da iniciativa privada passaram a ter acesso ao mesmo modelo de financiamento, por meio do novo programa federal.
A ideia é simples, mas poderosa: descontar as parcelas diretamente da folha de pagamento, o que garante menor risco para o banco e, consequentemente, taxas de juros muito mais baixas.
E tem dado certo. Com valor médio de R$ 5.407 por contrato, os empréstimos vêm servindo para quitar dívidas, comprar eletrodomésticos, pagar tratamentos médicos ou até realizar pequenos investimentos pessoais. Para quem vive com orçamento apertado, a liberação rápida do crédito é um alívio.
Mas, como alerta o próprio governo, o sucesso do programa não elimina os riscos. E o maior deles está no comprometimento da renda.
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Quando a parcela que ajuda… começa a pesar
Com o aumento das adesões, crescem também os relatos de trabalhadores que estão usando o crédito como extensão do salário. O problema? A margem consignável tem limite — mas o impulso por resolver tudo com crédito nem sempre respeita isso.
Segundo estimativas, os contratos têm duração média de 17 meses. Ou seja, por mais de um ano, parte da renda do trabalhador fica comprometida com a dívida. Se houver imprevistos — como perda do emprego, doença na família ou aumento de outros custos — o sufoco começa.
Além disso, como o pagamento é automático, o risco de inadimplência é quase zero para os bancos — mas o impacto pode ser total para o trabalhador, que recebe menos e tem pouca margem para manobrar o orçamento.
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O outro lado: impulso econômico e novas oportunidades
Apesar dos riscos, é impossível ignorar o impacto positivo desse volume bilionário na economia real. A liberação de quase R$ 10 bilhões impulsiona o consumo, aquece o comércio e movimenta setores que estavam estagnados.
Mais do que isso, o programa está forçando os bancos a competirem, oferecendo melhores taxas e mais transparência — o que, no fim das contas, pode beneficiar milhões de brasileiros que antes tinham poucas ou nenhuma alternativa.
O crédito consignado também promove inclusão financeira: mesmo quem está com o nome sujo ou tem score baixo, mas tem carteira assinada, pode conseguir o empréstimo. E isso representa uma mudança radical no cenário do crédito brasileiro.
Mas até onde vai essa expansão? E o que os trabalhadores precisam saber antes de embarcar nessa promessa de solução?
A resposta está na educação financeira. Especialistas afirmam que, sem orientação adequada, o crédito fácil pode virar armadilha. A pressa em resolver problemas imediatos pode levar a dívidas acumuladas e longas.
Por isso, o próprio governo estuda lançar campanhas educativas, ensinando a população a usar o crédito com consciência e planejamento.
Enquanto isso, se você é trabalhador com carteira assinada e está pensando em pegar um consignado privado, aqui vai o alerta: não decida por impulso. Faça as contas, avalie sua margem e entenda que a facilidade de hoje pode virar aperto amanhã.