Fumaça preta já saiu para anunciar Papa brasileiro, mas resposta foi “não”
Enquanto os olhos do planeta se voltam para o conclave em andamento no Vaticano, onde cardeais se reúnem para escolher o novo sucessor de Francisco, uma história pouco contada volta à tona — e ela envolve o Brasil, fé e uma recusa que poderia ter mudado o rumo da Igreja Católica.
O cenário era o mesmo, a tensão também. Em 1978, após a morte repentina de João Paulo I, que ficou apenas 33 dias no trono de São Pedro, os cardeais voltaram à Capela Sistina para um segundo conclave naquele mesmo ano.
E, segundo revelações históricas, foi exatamente ali que um brasileiro foi eleito Papa. Mas o que parecia ser um marco inédito para o país tomou um rumo inesperado — o eleito recusou o cargo mais alto da Igreja.
O motivo? Um gesto silencioso, mas de coragem e lucidez. E o impacto dessa decisão ainda ecoa dentro dos muros do Vaticano.

Eleito Papa, mas recusou: quem foi Dom Aloísio Lorscheider?
O protagonista dessa história é Dom Aloísio Lorscheider, à época arcebispo de Fortaleza. Respeitado por sua inteligência, carisma e perfil progressista, o brasileiro era considerado um dos nomes mais influentes do episcopado mundial.
Durante o segundo conclave de 1978, seu nome surgiu com força. E ele chegou a receber o número necessário de votos para ser eleito Papa.
Mas, ao ser consultado sobre sua aceitação — como manda a tradição do conclave — Dom Aloísio fez algo raríssimo: recusou o pontificado.
A decisão, mantida em sigilo por anos e só confirmada tempos depois, tinha um motivo pessoal e profundo.
O cardeal havia passado por uma cirurgia de oito pontes de safena pouco tempo antes e temia que seu estado de saúde não fosse compatível com o desgaste físico e emocional que a função exigiria.
Além disso, a morte precoce de João Paulo I ainda estava muito presente no conclave, e Lorscheider não queria que a Igreja enfrentasse mais uma perda traumática em tão pouco tempo.
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Uma recusa que mudou o rumo da Igreja Católica
A história poderia ter parado ali. Mas não parou. Após recusar o trono de Pedro, Dom Aloísio atuou diretamente nos bastidores do conclave, reunindo apoio entre cardeais latino-americanos e africanos para um nome que poucos esperavam: o polonês Karol Wojtyła, que seria eleito João Paulo II, o Papa que conduziu a Igreja por quase três décadas.
Ou seja, foi um brasileiro quem pavimentou o caminho para um dos papados mais marcantes da história recente. Uma decisão silenciosa, mas de impacto global.
Dom Aloísio continuou sua missão pastoral no Brasil e faleceu em 2007, aos 83 anos, sendo lembrado até hoje como um dos grandes nomes da Igreja no país.
E agora, outro brasileiro pode se tornar Papa?
Quase meio século depois, o Brasil volta ao centro das atenções no Vaticano. Desta vez, o nome que ganha força entre os cardeais é Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e membro do seleto grupo que auxilia diretamente o Papa no governo da Igreja.
Mesmo discreto e pouco dado a entrevistas, o religioso aparece entre os favoritos da imprensa internacional, sendo descrito como equilibrado, preparado e respeitado dentro da Cúria.
Nesta quinta-feira (8), mais duas rodadas de votação foram realizadas. Mas, assim como na manhã anterior, a fumaça que subiu pela chaminé da Capela Sistina foi preta — sinal de que nenhum dos candidatos alcançou os dois terços de votos necessários.
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Se o impasse persistir, novas sessões serão realizadas até sexta-feira (9), mantendo o suspense e a expectativa em torno de quem será o próximo líder de 1,3 bilhão de católicos no mundo.
Mas será que, desta vez, o Brasil verá um de seus filhos no trono de Pedro? Ou a fumaça continuará escura, como há décadas, guardando mais um segredo que só será revelado depois?
No silêncio do conclave, o mundo espera. E talvez, como em 1978, o verdadeiro protagonista não seja aquele que aceita o cargo — mas o que ousa dizer “não”.