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Quanto ganha um papa? Vida financeira surpreende

Ele foi um dos líderes mais carismáticos da Igreja Católica nos últimos tempos, mas também o mais enigmático. Papa Francisco encantou o mundo com sua simplicidade, mas agora, após sua morte em 21 de abril, uma pergunta insólita, porém recorrente, passou a intrigar milhões: afinal, o Papa ganha salário?

E, se não ganha, de onde vem o dinheiro que sustenta o chefe de Estado mais espiritualizado do planeta?

A dúvida é compreensível, mas a resposta é surpreendente. Ainda que comande o Vaticano — um país soberano com bancos, polícia e até moeda própria — o Papa não tem um contracheque.

Sim, o sucessor de São Pedro não possui um salário mensal, e essa decisão tem menos a ver com regras escritas e mais com princípios antigos. Mas há muito mais por trás dessa história.

E, embora essa prática possa parecer moderna, trata-se de uma tradição secular sustentada por votos, símbolos e até cerimônias que seguem protocolos imutáveis. Mas é no fim desse enredo que a verdade mais simbólica vem à tona.

Um papa tem salário? Quanto ganha e como é a sua vida financeira? Descubra como funciona essa questão na prática para o pontífice do Vaticano.
Um papa tem salário? Quanto ganha e como é a sua vida financeira? Descubra como funciona essa questão na prática para o pontífice do Vaticano – Foto: arquivo nosso.

O Papa não ganha salário — mas vive sem precisar de um centavo

Durante uma resposta direta em 2023, no documentário Amém: Perguntando ao Papa, Francisco foi categórico: “Quando preciso de dinheiro para comprar sapatos ou algo assim, eu peço. Não tenho um salário, mas não me preocupo com isso, pois sei que serei alimentado de graça.” E era isso mesmo.

A moradia, a alimentação e os cuidados médicos do Papa são todos bancados integralmente pela Santa Sé. Mas isso não significa que ele tenha liberdade para gastar como quiser.

Francisco, por exemplo, sempre recusou ostentações. Morava em uma residência simples — a Casa Santa Marta — e preferia refeições no refeitório comum, junto a outros religiosos.

Seu voto de pobreza, assumido ao ingressar na Companhia de Jesus, determinava esse estilo de vida. Mas, mesmo sem voto formal, nenhum Papa historicamente recebeu salário fixo.

Em 2001, o próprio Vaticano desmentiu rumores sobre um suposto pagamento mensal ao então Papa João Paulo II.

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Mas como ele compra o que precisa? E o que acontece com seus bens?

O Papa não acumula patrimônio. Seu uso de recursos é limitado às necessidades básicas e a ações sociais, principalmente caridade.

Mas, como chefe de Estado, ele tem à disposição fundos institucionais — com regras de transparência — para impulsionar obras humanitárias, apoiar hospitais, abrigos e ações emergenciais pelo mundo.

Após sua morte, o que acontece com seus pertences é igualmente simbólico. O apartamento papal é lacrado com cera, o Anel do Pescador é destruído, e os objetos pessoais são recolhidos pela Cúria. Não há herança, nem divisão de bens. Tudo retorna à Igreja.

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Mas o momento mais emblemático do ritual de despedida é protagonizado pelo camerlengo — o cardeal que assume a administração provisória do Vaticano durante a Sé Vacante.

Ele chama três vezes o nome de batismo do Papa. Sem resposta, bate com um martelo de prata em sua testa e declara: “Vere Papa mortuus est.” A partir dali, a sucessão começa.

A escolha do novo Papa: poder, segredo e uma fumaça que decide tudo

Com a morte de Francisco, os cardeais se reúnem no conclave — um processo secreto, rigoroso e cheio de protocolos. Os 135 cardeais com menos de 80 anos se trancam na Capela Sistina até elegerem o novo líder, e a cada votação, o mundo inteiro aguarda um único sinal: a cor da fumaça.

Fumaça preta? Não houve consenso. Fumaça branca? O novo Papa foi escolhido.

Neste momento, a atenção mundial volta-se novamente ao Vaticano. Mas enquanto a fumaça ainda não subiu, o mistério sobre o próximo pontífice divide espaço com uma verdade quase inacreditável para muitos: o homem mais influente da fé católica não tem salário, vive de doações e morre sem deixar fortuna.

E o legado de Francisco?

Jorge Mario Bergoglio não foi apenas o primeiro Papa latino-americano ou o primeiro jesuíta. Foi o primeiro a adotar o nome de Francisco — uma escolha que já anunciava sua missão: defender os pobres, proteger o meio ambiente, enfrentar escândalos e reformar uma Igreja abalada.

Mas Francisco também foi um líder que, mesmo sem remuneração, enfrentou pressões dignas dos mais altos cargos do planeta. Reuniu líderes mundiais, mediou crises e, sobretudo, manteve-se fiel à simplicidade, mesmo cercado por séculos de tradição.

E talvez, no fim das contas, essa seja a maior riqueza que um Papa pode deixar.

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