Maio começou com um aviso nada agradável: sua próxima conta de luz virá mais pesada. Mas não é só impressão — a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou oficialmente a mudança da bandeira tarifária.
A bandeira verde, que esteve em vigor por meses, foi substituída pela bandeira amarela, o que significa que, a cada 100 kWh consumidos, R$ 1,885 serão adicionados à fatura.
A mudança pode parecer pequena à primeira vista, mas somada ao consumo mensal típico de uma família brasileira, o impacto será visível.
E o motivo para isso, embora técnico, mexe com a vida de milhões: a falta de chuva e o início do período seco pressionaram o sistema elétrico nacional e acenderam o alerta.
O Brasil ainda depende fortemente das usinas hidrelétricas. Mas, quando os reservatórios baixam demais, há um custo: é preciso ativar usinas termelétricas, que são mais caras e menos sustentáveis. E quem paga a conta, mais uma vez, é você.

Como funcionam as bandeiras e por que elas mudam
Criado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias tem o objetivo de informar os consumidores sobre o custo real da geração de energia elétrica no país. Ele funciona como um “semáforo” para os preços da energia:
- Bandeira verde: sem cobrança adicional — indica que as condições de geração estão favoráveis.
- Bandeira amarela: acréscimo de R$ 1,885 a cada 100 kWh — sinaliza que a situação começa a se complicar.
- Bandeira vermelha: patamar 1 ou 2, com acréscimos ainda maiores — usada em casos críticos, geralmente durante longas estiagens.
Neste momento, a bandeira amarela foi acionada porque as chuvas diminuíram drasticamente e os níveis dos reservatórios caíram abaixo do ideal. Para manter o fornecimento estável, é necessário acionar usinas termelétricas — um plano de emergência caro e poluente, mas inevitável.
Entenda como esse aumento vai mexer com seu bolso
Embora o valor adicional de R$ 1,885 a cada 100 kWh possa parecer simbólico, ele se acumula rapidamente conforme o consumo. Veja abaixo alguns exemplos práticos do impacto:
- Família que consome 200 kWh/mês: acréscimo de R$ 3,77
- Família com 350 kWh/mês: acréscimo de R$ 6,60
- Família com 500 kWh/mês: acréscimo de R$ 9,43
Mas esses valores se somam ao custo base da energia, impostos, taxas de iluminação pública e outros encargos.
Ou seja: a diferença pode ser o suficiente para comprometer o orçamento de famílias já pressionadas pela inflação.
E o cenário não deve melhorar tão cedo. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão para os próximos meses indica chuvas abaixo da média em boa parte do Brasil, o que deve manter o custo da geração elevado.
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Como economizar energia e driblar a alta na conta
A boa notícia é que é possível suavizar esse impacto com algumas atitudes conscientes dentro de casa. Pequenas mudanças podem reduzir significativamente o consumo. Veja algumas dicas práticas:
Na cozinha
- Evite abrir a geladeira com frequência.
- Descongele o freezer regularmente.
- Use o micro-ondas e a máquina de lavar louça com carga total.
No banho
- Reduza o tempo no chuveiro elétrico.
- Use a posição “verão” sempre que possível.
- Evite usar torneiras elétricas em excesso.
Na lavanderia
- Junte roupas antes de lavar e passar.
- Prefira secar no varal, não na secadora.
Na casa toda
- Substitua lâmpadas incandescentes por LED.
- Desligue equipamentos da tomada quando não estiver usando.
- Use ventiladores em vez do ar-condicionado nos dias menos quentes.
Além disso, vale a pena consultar se há tarifas sociais ou programas de incentivo oferecidos pela sua distribuidora de energia. Famílias de baixa renda, por exemplo, podem ter direito a descontos na conta.
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Uma mudança temporária — ou o novo normal na conta de energia?
A Aneel garante que a bandeira amarela é uma medida provisória, adotada apenas em momentos de necessidade. Mas, com o avanço das mudanças climáticas e a frequente instabilidade nos regimes de chuva, a verdade é que esse tipo de ajuste pode se tornar mais comum nos próximos anos.
Por isso, mais do que nunca, é hora de adotar hábitos sustentáveis — não apenas para aliviar o bolso, mas para garantir um futuro mais equilibrado para todos. Porque, quando a conta chega, não há desculpas: ou você muda agora, ou paga (literalmente) o preço depois.