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Eles são lindos, mas podem te levar direto à oficina

Carros têm o poder de seduzir à primeira vista. O brilho da pintura, o desenho das lanternas, as curvas agressivas ou elegantes da carroceria — tudo parece irresistível. E em tempos de redes sociais e vitrines digitais, o apelo visual conta mais do que nunca. Mas, em muitos casos, o que encanta por fora pode ser exatamente o que decepciona por dentro.

Desde 2020, o design automotivo ganhou um peso ainda maior nas decisões de compra dos brasileiros. Uma pesquisa da Bain & Company, com base em 17 mil consumidores, mostrou que o visual externo saltou de 72% para 84% nas preferências, enquanto o interior dos carros também ganhou destaque. O problema é que, nessa busca por beleza, muitos acabam ignorando o que realmente importa: o desempenho.

A estética pode abrir o caminho para o sonho, mas é a funcionalidade que sustenta a realidade. E é aí que o pesadelo começa para quem escolheu com os olhos, mas esqueceu de escutar o ronco do motor — ou as reclamações dos donos.

Ter um bom carro em mãos é ótimo, mas é preciso saber quando um aparente bom negócio pode ser uma fortuna na oficina.
Ter um bom carro em mãos é ótimo, mas é preciso saber quando um aparente bom negócio pode ser uma fortuna na oficina – Foto: reprodução/ Pixabay.

O charme que engana: modelos que brilham, mas vivem na oficina

Não é de hoje que alguns veículos se tornam campeões de audiência nas ruas — e de reclamações nas oficinas. Muitos consumidores relatam que foram atraídos pelo design arrojado, pelo acabamento diferenciado ou pelo “ar de carro premium”, mas logo perceberam que a beleza cobrava um preço alto… e contínuo.

Um dos exemplos mais citados é o Caoa Chery Tiggo 3X, um SUV que impressiona à primeira vista com seu visual moderno e robusto. Mas o que muitos não veem é a frustração com o motor subdimensionado, o câmbio pouco eficiente e o custo elevado das peças. Isso sem contar a dificuldade em encontrar assistência técnica especializada, o que transforma pequenos defeitos em longas dores de cabeça.

O mesmo vale para o clássico Peugeot 206, que por anos simbolizou sofisticação acessível. Seu design alongado, com faróis felinos e traseira compacta, virou referência. Mas o carro também virou piada entre mecânicos, por conta da suspensão frágil e da frequência com que retorna à oficina.

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Design futurista, desempenho do passado?

Outro nome que entra nessa lista é o Citroën C3 de nova geração, que apostou em um visual quadrado e futurista para se destacar no mercado. A estratégia funcionou — ao menos até o consumidor girar a chave. O desempenho do motor deixa a desejar, o câmbio automatizado sofre com trancos, e o conjunto da obra é frequentemente criticado pela falta de estabilidade e conforto ao dirigir.

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A linha da frustração estética também inclui a Volkswagen Amarok, uma picape que transmite robustez e imponência, ideal para quem busca presença nas estradas. Mas muitos usuários relatam que o motor não acompanha o tamanho da promessa, e que a performance fica aquém do esperado para a categoria — especialmente se comparada com rivais mais eficientes e com manutenção menos onerosa.

E até entre os compactos mais populares, há decepções. O Renault Kwid, por exemplo, encanta pela aparência moderna e pelo consumo reduzido. Mas o amor à primeira vista se desfaz rápido quando surgem relatos de fragilidade estrutural, quebras precoces e baixo conforto ao rodar, mesmo com pouca quilometragem acumulada.

Quando o barato sai caro na oficina — e o bonito sai do orçamento

A verdade é que o visual vende, mas não garante durabilidade. Muitos motoristas aprendem isso da pior maneira, quando precisam enfrentar filas em concessionárias, gastar mais do que o previsto com manutenção ou lidar com a frustração de um carro que não entrega o que promete.

É claro que não se trata de demonizar marcas ou modelos — cada veículo pode ter sua experiência única, e a manutenção preventiva ainda faz toda a diferença. Mas ignorar a reputação técnica em nome da beleza pode custar caro.

Antes de decidir pela compra, vale sempre consultar avaliações de usuários reais, fóruns especializados e rankings de confiabilidade. Às vezes, aquele carro que parece “simples demais” é o que vai rodar com você por muitos anos — sem drama, sem dor de cabeça e sem ir parar em trending topic de reclamação.

Nem tudo que reluz sobre rodas é confiável

A relação entre beleza e praticidade nos carros nunca foi tão discutida. Mas agora, com o consumidor cada vez mais conectado e exigente, é preciso ir além da estética. Carros bonitos encantam, sim — mas o verdadeiro luxo está em rodar com confiança, sem sustos nem surpresas.

Na dúvida, lembre-se: um carro pode impressionar na garagem… mas é no trânsito, na manutenção e no dia a dia que ele revela sua verdadeira face. E quando ela aparece, nem sempre é tão bela quanto parecia no anúncio.

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