NotíciasTendências

Alerta! Lixão perto de aeroporto pode causar tragédia a qualquer momento

O que separa um avião em segurança de uma tragédia pode ser algo tão simples — e tão negligenciado — quanto um saco de lixo largado no lugar errado. Mas, em Porto Alegre, o problema vai muito além disso.

Um lixão clandestino a céu aberto opera a apenas 600 metros da pista do Aeroporto Salgado Filho, colocando em risco centenas de voos todos os dias. E, mesmo diante de alertas, imagens flagrantes e autuações, o problema continua — literalmente — se acumulando.

Durante duas semanas, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) monitorou a movimentação constante de caminhões despejando lixo doméstico e entulho no local. Mas o que mais impressiona não é o volume dos resíduos.

Veja mais: iFood aumenta pagamento, mas entregadores reagem de forma inesperada

É o que ele atrai. Urubus, garças e maçaricos sobrevoam as imediações do aeroporto com frequência crescente. E quem conhece a aviação sabe: um único pássaro sugado por uma turbina pode causar um desastre aéreo.

Ainda assim, o cenário segue praticamente inalterado. As autoridades prometem agir. O dono do terreno diz que não tem para onde ir. E, no meio desse impasse, milhares de vidas continuam decolando e pousando sob o risco invisível — mas cada vez mais presente — de um acidente evitável.

O que parece apenas um detalhe pode representar perigo real nas proximidades de um aeroporto do Brasil; entenda o caso.
O que parece apenas um detalhe pode representar perigo real nas proximidades de um aeroporto do Brasil; entenda o caso – Imagem ilustrativa: arquivo/ Sora.

O risco é real no aeroporto, mas por que ninguém resolve?

Não se trata de uma suposição ou exagero. O risco de colisão entre aeronaves e aves é reconhecido pela Organização Internacional da Aviação Civil (OACI) como uma das principais ameaças à segurança aeroportuária no mundo. E a legislação brasileira é clara: qualquer atividade que atraia fauna próxima a aeroportos deve ser controlada.

Leia também: Lula recua em proposta do Pix, mas prepara reviravolta no vale-refeição!

Mas em Porto Alegre, a apenas seis quadras da pista, caminhões entram e saem de um terreno alagadiço carregando lixo e entulho. Arroios da região, que desembocam no Rio Gravataí, estão parcialmente obstruídos por restos de madeira e caliça. Em vez de limpeza, há proliferação de focos de insetos e animais. E, claro, comida velha — material perfeito para atrair aves de grande porte.

O terreno pertence a Bruno Cardoso, de 28 anos, que afirma manter o espaço como fonte de sustento familiar. Segundo ele, os restos de comida alimentam porcos, galinhas e cavalos. “Fazemos isso há décadas”, disse, alegando não ter outra opção. Mas enquanto a tradição é citada como justificativa, os riscos se acumulam — e as chances de uma tragédia, também.

A prefeitura tenta agir, mas enfrenta resistência

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) afirma que já autuou o proprietário com base nas denúncias feitas pela imprensa e por moradores. Uma notificação obriga Bruno a remover os animais e interromper as atividades no prazo de 30 dias. Mas até agora, segundo ele próprio, nenhuma solução viável foi apresentada.

A situação evidencia o choque entre a urgência ambiental e a realidade social. De um lado, está a segurança pública e a proteção ao meio ambiente. Do outro, uma família que afirma depender da reciclagem e da criação de animais para sobreviver. Mas a verdade é que o terreno, hoje, representa uma ameaça direta ao transporte aéreo brasileiro.

Enquanto isso, voos continuam partindo e chegando a Porto Alegre. Passageiros seguem embarcando sem saber que, do lado de fora, aves podem cruzar o céu no momento exato da decolagem. E nem o piloto mais experiente consegue prever o voo de um urubu.

Mas a pergunta que ninguém responde: e se algo acontecer?

O Brasil já tem histórico de acidentes aéreos causados por choque com aves. E, embora o treinamento dos pilotos e a engenharia das aeronaves tenham avançado muito, nenhum sistema é imune à natureza quando ela é provocada. Especialmente por decisões humanas.

A população da zona norte de Porto Alegre, que vive nas proximidades do terreno, também convive com o cheiro, a poluição dos arroios e o medo constante. Mas até agora, nenhuma solução concreta foi implantada. O lixão segue ali. Os porcos seguem soltos. Os caminhões seguem despejando. E os aviões seguem decolando.

Tudo isso, a 600 metros da pista.

Não é só uma questão de lixo ou de criação irregular de animais. É uma questão de vida ou morte — de segurança aérea, de política pública, de responsabilidade coletiva. A prefeitura promete agir. O dono do terreno pede compreensão.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo