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Lula recua em proposta do Pix, mas prepara reviravolta no vale-refeição!

A expectativa era de liberdade. Um alívio para os trabalhadores, um corte nos intermediários, um passo rumo à modernização dos benefícios. Mas a promessa de permitir o pagamento do vale-refeição e vale-alimentação via Pix não só ficou no papel — como também foi oficialmente engavetada pelo governo federal. O motivo? Risco de desvio de finalidade, segundo o próprio ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

A ideia, que circulou intensamente nas últimas semanas, parecia simples: transferir diretamente para a conta dos trabalhadores o valor dos benefícios. Sem operadoras, sem cartões, sem taxas pesadas. Mas a proposta encontrou resistência onde menos se esperava — dentro do próprio governo, apoiado por um dos setores mais poderosos e silenciosos do país: o das operadoras de benefícios.

Mas enquanto a promessa do Pix perde força, outras mudanças, mais técnicas mas igualmente impactantes, estão prestes a transformar a forma como você, trabalhador, utiliza seu vale-refeição. E elas podem mexer não apenas no seu prato — mas no bolso de todo o comércio.

Já viu que o vale-refeição mudou de novo? E não é apenas a regra do Pix; fique por dentro das novidades desse assunto.
Já viu que o vale-refeição mudou de novo? E não é apenas a regra do Pix; fique por dentro das novidades desse assunto – Foto: edição nossa/ Sora.

Pix fora do jogo, mas com justificativa polêmica

O governo federal afirmou que descartou o uso do Pix no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A medida, que reduziria custos operacionais e colocaria nas mãos dos trabalhadores o controle direto do benefício, esbarrou em um argumento polêmico: o receio de que os valores fossem usados em apostas, jogos de azar ou finalidades não alimentares.

De acordo com o ministro Luiz Marinho, a transferência direta via Pix permitiria o uso livre dos valores, o que descaracterizaria a função original do benefício — garantir alimentação de qualidade ao trabalhador. Mas, por trás dessa justificativa, especialistas enxergam outro fator: a resistência do setor de benefícios, que lucra bilhões com a intermediação dos vales por meio de cartões com taxas elevadas.

A proposta, que chegou a ser debatida publicamente, visava maior autonomia para o trabalhador. Mas caiu, segundo o governo, para evitar “desvio de finalidade”. Resta saber se a preocupação é com o prato do brasileiro — ou com os lucros de quem opera os sistemas de pagamento.

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Novas regras devem acelerar repasses e reduzir taxas

Mesmo com o recuo sobre o Pix, o governo prepara um pacote de mudanças que ainda pode transformar o setor. Segundo apuração do InfoMoney e da CNN Brasil, o texto final com as novas medidas será anunciado por Lula neste Dia do Trabalhador (1º de maio).

Entre as alterações mais relevantes está a redução no prazo de repasse dos valores pagos pelas empresas às redes de alimentação. Atualmente, esse prazo pode chegar a 30 dias, o que gera prejuízo para pequenos comerciantes que vendem no vale-refeição. A ideia agora é encurtar o prazo para apenas dois dias — uma mudança significativa, especialmente para restaurantes e lanchonetes que enfrentam dificuldades de fluxo de caixa.

Além disso, o governo pretende limitar as taxas cobradas pelas operadoras de cartões de benefício. Hoje, essas taxas variam de 3,5% a 4,5%, mas em alguns casos ultrapassam os 5%, o que representa um custo alto para os estabelecimentos. A nova proposta prevê um teto entre 3% e 4%, criando uma padronização que pode beneficiar tanto o trabalhador quanto o comerciante.

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Mas nem todo mundo sai satisfeito com as mudanças do Pix e do vale-refeição

Embora as novas medidas sejam vistas como avanços, nem todos estão celebrando. Para os defensores do uso do Pix, a decisão representa uma oportunidade perdida de empoderar o trabalhador e tornar o sistema mais transparente e justo. Segundo especialistas em políticas públicas, o modelo atual ainda mantém o trabalhador como refém de um sistema que lucra com a intermediação.

Além disso, a manutenção das operadoras como intermediárias reforça um mercado concentrado, onde poucas empresas controlam bilhões de reais em circulação — muitas vezes com pouca transparência e pouca concorrência real.

No outro lado, comerciantes menores comemoram a possibilidade de receber mais rápido e pagar menos taxas. Mas seguem atentos: ainda não há garantias de que o projeto será aprovado como está. O texto final pode ser alterado até o último momento, e os interesses em jogo são muitos — e poderosos.

O governo Lula escolheu o caminho da moderação: desistiu do Pix, mas avançou em outras frentes. Redução de taxas e agilidade nos repasses são boas notícias, sim. Mas muitos ainda questionam se isso é suficiente. Afinal, o problema central continua o mesmo: quem realmente decide o que o trabalhador pode ou não fazer com seu próprio benefício?

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