Mudanças climáticas podem causar impactos negativos na mesa dos brasileiros ainda nesta década
A crise climática já afeta diretamente o cotidiano de bilhões de pessoas — e os efeitos vão muito além das temperaturas elevadas ou da seca nos rios.
O que pouca gente sabe é que o calor extremo, as inundações e até a escassez de água potável estão deixando os alimentos que consumimos mais perigosos.
Cientistas têm observado uma relação direta entre o avanço das mudanças climáticas e o aumento de contaminações por microrganismos, que colocam em risco a saúde de milhões de pessoas todos os anos.
A ameaça é silenciosa, mas os números impressionam: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões de pessoas adoecem anualmente devido a doenças de origem alimentar, resultando em mais de 400 mil mortes — sendo grande parte delas de crianças pequenas.

Alimentos perecíveis se tornam mais vulneráveis ao calor e à umidade
Com o aumento das temperaturas, alimentos perecíveis, como carnes, queijos e vegetais, tornam-se alvos fáceis para bactérias e fungos.
O calor intenso acelera a deterioração, enquanto a umidade cria o ambiente perfeito para o surgimento de patógenos perigosos.
Mesmo produtos cultivados de forma segura podem ser contaminados após inundações, que levam esgoto para plantações, tornando difícil ou até impossível a limpeza completa desses alimentos.
Além disso, a irrigação com águas residuais tratadas, prática comum em muitas regiões, pode carregar microrganismos perigosos.
E como mostram as pesquisas, um aumento de apenas 1°C na temperatura global eleva em 5% o risco de infecções por salmonela e campylobacter, dois dos principais causadores de surtos alimentares.
Como enfrentar o desafio da segurança alimentar
Diante desse cenário, especialistas propõem ações urgentes para evitar que o problema se agrave.
Investimentos em infraestrutura resistente a eventos climáticos extremos, desenvolvimento de vacinas contra certos patógenos e métodos modernos de descontaminação são algumas das estratégias defendidas por órgãos internacionais de saúde.
Ao mesmo tempo, o setor alimentício busca se adaptar: ingredientes alternativos, cadeias de suprimento mais flexíveis e práticas agrícolas mais sustentáveis estão entre as soluções emergentes.
A segurança dos alimentos dependerá, cada vez mais, da nossa capacidade de adaptação às mudanças que o planeta enfrenta.