Surpresa: você tem mais risco de ser mordido por um cachorro do que por uma onça!
A imagem da onça-pintada como um predador letal e sempre pronto para atacar humanos ainda povoa o imaginário de muita gente.
No entanto, os dados mostram que o perigo real pode estar mais próximo — e com quatro patas bem conhecidas.
Um levantamento da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) revela que ataques fatais de onças são extremamente raros, mesmo em regiões com alta presença do animal.
Entre 1950 e 2018, foram registrados apenas 64 casos confirmados na Amazônia, o que equivale a uma chance em 216 milhões.
Por outro lado, ataques de cães domésticos resultam em morte em uma proporção muito maior: uma em cada 3,8 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE e órgãos de saúde pública.
Essa diferença surpreendente tem explicações ligadas ao comportamento natural de cada espécie — e levanta reflexões importantes sobre como interagimos com os animais ao nosso redor.

O que explica a diferença entre os ataques
Cães, mesmo domesticados, mantêm instintos de defesa e territorialidade. Em situações de estresse, treinamento inadequado ou negligência, eles podem reagir de forma agressiva — principalmente em ambientes urbanos, onde a convivência é intensa.
Já a onça-pintada, sendo um animal silvestre, tem como padrão evitar o contato com humanos. Os ataques são exceções e geralmente têm ligação com ações humanas irregulares, como a alimentação proposital do animal.
Foi o que ocorreu no recente e trágico caso do caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, morto por uma onça em uma fazenda no Mato Grosso do Sul.
A suspeita é que a prática ilegal da chamada “ceva”, que consiste em atrair onças com alimento para fins turísticos, tenha condicionado o felino a perder o medo do homem.
O último ataque com morte no Pantanal havia sido há 17 anos — também em um contexto de alimentação artificial.
Conviver com responsabilidade é a melhor forma de prevenir
A onça-pintada (Panthera onca) é um predador de topo na cadeia alimentar, com dieta baseada em presas silvestres como capivaras, antas e jacarés.
Mesmo abaixo do peso ideal, o Pantanal oferece fauna abundante, o que indica que outros fatores — como época reprodutiva, defesa territorial ou interferência humana — também influenciam seu comportamento.
Mais do que apontar culpados, o caso reforça um alerta importante: respeitar o comportamento natural dos animais é essencial para evitar tragédias.
A comparação entre cães e onças mostra que o convívio responsável, seja com animais domésticos ou selvagens, é o caminho mais seguro para todos.