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Não tem mais jeito! O aumento do salário é real — mas poucos viram esse detalhe

Todos os anos, milhões de brasileiros esperam ansiosamente pelo anúncio do novo salário mínimo. Para muitos, trata-se da diferença entre colocar comida na mesa ou não, entre pagar uma conta essencial ou adiar mais uma vez.

E, sim, em 2025, o governo anunciou um reajuste que empolgou uma boa parcela da população. Mas o que parecia uma ótima notícia esconde, nas entrelinhas, um detalhe que poucos perceberam — e que pode frustrar as expectativas de quem vive com o mínimo.

A sensação de alívio é compreensível. Afinal, em tempos de alta nos preços e custos de vida cada vez mais pesados, qualquer acréscimo parece bem-vindo.

Mas será que o novo valor realmente acompanha as necessidades reais das famílias brasileiras? Ou estamos diante de um aumento que brilha por fora, mas decepciona por dentro?

O governo garante que o reajuste oferece ganho real. Especialistas, no entanto, fazem outra leitura. A diferença entre o que se ganha e o que se precisa ainda parece, para muitos, um abismo.

O salário mínimo brasileiro tem aumento confirmado, porém há um ponto importante que precisa ser entendido antes de comemorar.
O salário mínimo brasileiro tem aumento confirmado, porém há um ponto importante que precisa ser entendido antes de comemorar – Foto ilustrativa: criação nossa/ Sora.

Um reajuste acima da inflação, mas ainda insuficiente

O novo salário mínimo, em vigor desde janeiro de 2025, saiu de R$ 1.412 para R$ 1.518, o que representa um aumento de 7,5% ou R$ 106 mensais. O reajuste segue a fórmula da política de valorização aprovada em 2023, que combina a inflação acumulada pelo INPC (4,84%) com o crescimento real do PIB (2,5%).

Parece justo. Mas é aí que entra o primeiro “mas”. O ganho real não significa necessariamente poder de compra real.

Os preços de alimentos, aluguel, medicamentos e transporte continuam subindo em ritmo mais acelerado que os índices oficiais conseguem captar. Ou seja, o aumento cobre estatisticamente a inflação, mas não alivia, na prática, o bolso de quem vive com o mínimo.

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Mesmo assim, o impacto é significativo para quem depende exclusivamente desse valor. Isso inclui trabalhadores formais, empregados domésticos, beneficiários do INSS, segurados do BPC e quem recebe abono salarial. São mais de 60 milhões de brasileiros diretamente afetados.

Mais dinheiro no bolso… ou apenas ilusão de alívio?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, comemorou o reajuste como um marco de seu compromisso com os mais pobres. E, de fato, é o terceiro ano seguido com aumento acima da inflação — algo que não se via desde 2016.

Mas enquanto o governo celebra, o DIEESE faz um alerta incômodo: para garantir uma vida digna a uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 7.067,68. Isso mesmo — mais de quatro vezes o valor atual.

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A diferença escancara o quanto a política salarial brasileira ainda caminha atrás das necessidades básicas da população. Moradia, alimentação, transporte, educação, saúde e lazer — tudo isso entra no cálculo do piso ideal, e quase nada disso cabe em R$ 1.518 por mês.

Além disso, mesmo com o aumento, muitos brasileiros ainda vivem em situação de informalidade, sem carteira assinada, sem acesso a benefícios e, muitas vezes, ganhando abaixo do mínimo legal. Nessa realidade, o reajuste vira uma vitória restrita a uma parcela do país, enquanto o restante segue à margem.

Um impulso necessário, mas longe de resolver o problema

Apesar das críticas, o reajuste também tem efeitos positivos. Ele movimenta a economia, fortalece o consumo local e reduz minimamente a desigualdade social. Um salário mínimo maior significa mais dinheiro circulando em supermercados, farmácias, postos de gasolina e comércio de bairro.

Além disso, o aumento tem efeito cascata sobre outros benefícios, como o seguro-desemprego e o abono salarial PIS/Pasep, o que garante um impacto mais amplo do que apenas nos contracheques.

Para os aposentados e pensionistas que recebem o piso do INSS, o reajuste foi integral — uma vitória especialmente importante em tempos de alta nos medicamentos e nos alimentos básicos.

Mas ainda assim, o aumento está longe de resolver a equação da sobrevivência. O que se ganha não cobre o que se gasta. E o que se promete, muitas vezes, não alcança quem mais precisa.

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