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Descoberta no Japão pode mudar tudo sobre o autismo, mas há um alerta

É nos primeiros instantes de vida que muitos destinos começam a ser traçados. Mas e se fosse possível identificar sinais do autismo ainda no nascimento? Essa é a provocação — e ao mesmo tempo, a esperança — trazida por um estudo recente da Universidade de Fukui, no Japão, que está chamando a atenção da comunidade científica internacional.

Nos últimos anos, o número de diagnósticos de autismo aumentou, mas as causas continuam cercadas de mistério. Entre teorias genéticas, ambientais e neurológicas, poucos avanços foram tão promissores quanto o que acaba de ser revelado por pesquisadores japoneses. A chave? Um ácido graxo pouco conhecido, presente no sangue do cordão umbilical.

Mas, embora os resultados sejam animadores, os cientistas pedem cautela. O estudo ainda é preliminar, e os efeitos de uma descoberta como essa vão muito além da medicina — eles tocam diretamente no futuro de milhares de crianças e famílias ao redor do mundo.

Muito se fala a respeito do autismo atualmente, mas você precisa saber o que significa alguns detalhes descobertos recentemente pela ciência.
Muito se fala a respeito do autismo atualmente, mas você precisa saber o que significa alguns detalhes descobertos recentemente pela ciência – Foto: arquivo/ CanvaPro.

Um composto no cordão umbilical pode ser a pista do autismo?

A pesquisa analisou 200 crianças desde o nascimento, monitorando a presença de um ácido graxo chamado diHETrE. Esse composto, derivado de gorduras poli-insaturadas, mostrou relação direta com diferentes manifestações do autismo. Em níveis elevados, o estudo apontou maior tendência a dificuldades de interação social. Mas quando o diHETrE estava em baixa concentração, surgiam comportamentos repetitivos e padrões mais rígidos de conduta.

Mas por que isso importa? Porque se os níveis desse composto podem ser medidos ainda no cordão umbilical, surge a possibilidade de um rastreamento precoce do risco de TEA (Transtorno do Espectro Autista). Ou seja, seria possível prever a chance de uma criança desenvolver o transtorno logo ao nascer — ou até mesmo durante a gestação.

Contudo, os pesquisadores são claros: o estudo abre portas, mas não estabelece certezas. Ainda não se sabe como intervir de forma eficaz a partir desse marcador, nem se fatores externos — como dieta da gestante ou genética — influenciam diretamente o diHETrE.

Diferença entre meninos e meninas chama atenção no autismo

Outro dado intrigante do estudo foi a diferença de resposta entre os gêneros. As meninas apresentaram alterações mais evidentes nos níveis do composto, o que reforça o que outros estudos já vêm sugerindo: o autismo se manifesta de forma diferente em meninas e meninos.

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Mas esse dado levanta novas perguntas. Será que a baixa taxa de diagnósticos em meninas está relacionada a essa manifestação distinta? E se sim, o que mais ainda estamos deixando passar?

A ciência começa a considerar seriamente que as ferramentas atuais de diagnóstico podem estar mais ajustadas ao perfil masculino. Com isso, muitas meninas com TEA passariam anos sem diagnóstico ou com identificação tardia, o que compromete intervenções precoces — fator essencial para um bom desenvolvimento.

Diagnóstico precoce: esperança ou responsabilidade?

Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 100 crianças no mundo pode apresentar algum grau de autismo. E quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso em terapias comportamentais, educacionais e sociais.

A possibilidade de prever sinais de autismo no nascimento muda completamente esse cenário. Mas também impõe novos desafios éticos, médicos e sociais. Como comunicar esse risco a uma família? O que fazer com essa informação? E como garantir que esse diagnóstico precoce não seja usado de forma discriminatória?

Os cientistas da Universidade de Fukui reconhecem esse dilema. Por isso, reforçam: a descoberta é um passo promissor, mas ainda não é uma solução pronta. A aplicação clínica depende de novos estudos, maior base de dados e, principalmente, do desenvolvimento de protocolos éticos e eficazes para lidar com diagnósticos tão precoces.

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A descoberta japonesa não entrega todas as respostas. Mas ilumina um caminho novo — e promissor — para o entendimento do autismo. O sangue do cordão umbilical pode guardar informações preciosas, mas o que faremos com elas será a verdadeira revolução.

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